Desde o início da pandemia da Covid-19 a vida da população mundial tem sido afetada em diversos aspectos. Segundo Pierce (2020), os transtornos mentais aumentaram na população do Reino Unido após o inicio da pandemia. Estudos norte-americanos também mostram um aumento da incidência de estresse em sua população. Esses transtornos psicológicos afetam diretamente a saúde reprodutiva das mulheres sendo necessário um olhar mais atento por parte dos ginecologistas durante essa época que estamos vivendo. Porém a pandemia não alterou significativamente a ocorrência de transtornos mentais no Brasil como era esperado, mas sua prevalência mantém alta, em torno de 20%, sendo depressão e ansiedade os sintomas mais comuns.
Estudo recente
Em março de 2021 foi publicado um estudo observacional na revista Frontiers in Endocrinology, no qual a temática da saúde reprodutiva feminina durante a pandemia da Covid-19 foi abordada. Um total de 1.031 mulheres em idade reprodutiva responderam um questionário on-line através da plataforma Typeform. As mulheres responderam 50 questões, como: informação demográfica, ciclo menstrual e sintomas de saúde mental, alimentação, exercícios e padrões de trabalho antes e após a pandemia. O estudo foi conduzido de acordo com os protocolos de melhores práticas para estudos observacionais.
De acordo com Phelan (2021), 46% das mulheres relataram mudança no padrão menstrual após o início da pandemia e 53% disseram que apresentaram piora nos sintomas pré-menstruais. Sintomas novos como menorragia e dismenorreia ocorreram em 18% e 30%, respectivamente. As mulheres que tinham ciclos longos relataram uma piora e 9% das participantes que tinham ciclos regulares tiveram alguns períodos sem menstruação. 45% das mulheres queixaram de desejo sexual hipoativo após o início da pandemia. A maioria das pacientes relataram hábitos alimentares inadequados, diminuíram a prática de exercícios físicos e ganharam em média de 2 kg no último ano. Houve um aumento nas queixas de depressão, alteração do apetite, insônia, dificuldade de concentração e na ingesta de bebida alcoólica.
Conclusão
A maior parte das mulheres desse estudo é profissional da área da saúde, que trabalham sobre pressão e com a pandemia houve uma sobrecarga dessas pacientes, sendo um viés a ser considerado no estudo discutido. Mas é bastante evidente que as mudanças e a incerteza durante a pandemia, geraram mais transtornos psicológicos, o que leva a alterações no ciclo menstrual e interfere diretamente na saúde reprodutiva das mulheres. Mas ainda é necessários mais estudos para sabermos as consequências a longo prazo na saúde das mulheres.
Autor(a):

Graduação em Medicina pela Universidade José do Rosário Vellano ⦁ Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional de Presidente Prudente ⦁ Especialização em Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva pelo Hospital Sírio-Libanês ⦁ Especialização em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Tecnologia em Saúde ⦁ Especialização em andamento em Medicina fetal pela Fetus
Fonte: https://pebmed.com.br/o-impacto-da-pandemia-da-covid-19-na-saude-reprodutiva-das-mulheres/